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Raquel Siqueira

Empreendedora ou Empresária? Entenda as Diferenças e a Essência do Empreendedorismo

Atualizado: 9 de nov.

Empreender Não É Sinônimo de Ser Empresária

Recentemente, me deparei com um comentário que dizia o seguinte: "Trabalhar por conta é ser autônomo e não empreendedor."


Embora, de certa forma, eu concorde com a frase (porque sei o contexto no qual ela estava inserida), acredito que muitas pessoas, principalmente as profissionais autônomas, não concordam. Por isso, achei importante trazer o assunto, “o que é ser uma empreendedora”, para que possamos falar das diferenças entre ser uma empreendedora, uma autônoma, uma funcionária PJ (sem os direitos da CLT) e uma empresária.


Na minha visão, empresárias podem ser empreendedoras, mas nem toda empreendedora é empresária. E essa distinção é fundamental, pois empreender não é apenas o ato de gerenciar uma empresa ou construir um grande negócio. Empreender, para mim, é uma forma de enxergar e construir o trabalho com base na solução de problemas e na criação de melhorias, seja de maneira autônoma ou em uma empresa formal.


A essência do empreendedorismo está na iniciativa de fazer a diferença. Por isso acho necessário não confundirmos empreender com ser empresária, já que nem toda empreendedora busca a escala.


O Que Significa Ser Empreendedora?


Empreender, na minha concepção, é sobre se dedicar a uma ideia, criar um valor novo e transformar realidades, independentemente de ter uma estrutura empresarial. Isso pode acontecer na vida de uma autônoma, de uma pequena empresária, de uma profissional liberal e até de uma profissional CLT. Uma empreendedora é aquela que, em qualquer contexto, busca fazer a diferença, e muitas vezes isso não está ligado a ter uma empresa.


Autônoma e Microempreendedora Individual: A Realidade de Muitas Empreendedoras


Trabalhar de forma autônoma ou MEI não se traduz automaticamente em “ser empresária”, mas isso não invalida o trabalho dessas mulheres como empreendedoras.


Essas profissionais, por exemplo, constroem um caminho profissional próprio, desenvolvendo soluções para o seus negócios, se dedicando com responsabilidade e fazendo escolhas que refletem seus propósitos e seus objetivos profissionais, tendo a necessidade de assumirem uma postura que muitos consideram "empresarial" pelo fato de precisarem ter um olhar, e sobre tudo, um posicionamento e uma atitude que foque em resultados para os seus negócios.


E aqui não estamos falando de necessariamente de "postura empresarial" para gerar lucros milionários ou formar uma equipe gigantesca. Muitas de nós queremos apenas uma forma sustentável de viver do nosso trabalho, priorizando tempo e bem-estar.


Mas é importante entender que algumas coisas como, entender minimamente de financeiro, de marketing, de vendas, de atendimento, de relacionamento com fornecedores, e afins, são capacidades que ao longo do tempo se a autônoma ou a microempreendedora não desenvolverem, seus negócios não estão fadados ao fim.


A autonomia permite que tenhamos m pouco mais de controle sobre nosso trabalho e o direcionamento do nosso negócio ou serviço, mesmo que seja um negócio de uma só pessoa.


No caso de microempreendedoras que não atuam como profissionais autônomas dentro do contexto citado a cima, e sim como uma trabalhadora PJ (funcionária contratada para trabalhar como CLT porém sem os direitos trabalhistas), a relação é ainda mais complexa, pois ela precisa lidar com as responsabilidades de uma empresa, mas, na prática, é tratada como funcionária (uma brecha que empresários mal intencionados usam).


Ainda assim, há muitas trabalhadoras PJ atuando com visão empreendedora, fazendo o possível para evoluir e conquistar seu espaço. Principalmente se posicionando como profissionais em canais digitais como LinkedIn, Instagram e YouTube.



As diferenças entre uma autônoma e uma Microempreendedora Individual (nas obrigações legais)


As diferenças entre uma autônoma e uma Microempreendedora Individual (MEI) estão principalmente na formalização, nas obrigações legais, nos direitos e benefícios que cada uma dessas modalidades oferece. Vou detalhar as diferenças:


1. Formalização e Registro


  • Autônoma: Trabalha por conta própria, sem necessariamente estar vinculada a uma empresa ou possuir um CNPJ. Pode ou não ser registrada na prefeitura ou em outras instâncias de regulamentação, dependendo do setor.

  • MEI: É um modelo de empresa formal, com CNPJ próprio, e exige um cadastro no Portal do Empreendedor para operar legalmente como Microempreendedora Individual. O MEI facilita a formalização de atividades de baixa complexidade.


2. Obrigações Legais e Tributárias


  • Autônoma: Como autônoma, a pessoa deve contribuir para o INSS de forma individual e pagar o Imposto de Renda como pessoa física (caso atinja o valor mínimo tributável). Os valores variam conforme a renda e podem ter alíquotas elevadas.

  • MEI: Contribui por meio do DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional), uma taxa mensal fixa que inclui impostos e INSS com alíquota reduzida. Essa taxa gira em torno de R$ 60 a R$ 70 mensais, dependendo da atividade.


3. Benefícios Previdenciários


  • Autônoma: Contribuindo para o INSS, a autônoma tem direito a benefícios como aposentadoria, auxílio-doença e salário-maternidade, mas precisa pagar alíquotas específicas e completas de acordo com o regime de contribuinte individual.

  • MEI: Ao pagar o DAS, a MEI tem acesso aos benefícios do INSS, como aposentadoria por idade, salário-maternidade, e auxílio-doença, entre outros, com uma contribuição simplificada e reduzida.


4. Limite de Faturamento


  • Autônoma: Não possui um limite oficial de faturamento, mas precisa estar atenta ao Imposto de Renda e às obrigações fiscais se a renda anual ultrapassar o valor isento. Para rendas elevadas, pode ser necessário avaliar outros regimes de contribuição.

  • MEI: Possui um limite anual de faturamento de R$ 81 mil. Caso ultrapasse esse limite, deverá migrar para outro regime tributário, como o Microempreendedor (ME), no Simples Nacional.


5. Emissão de Nota Fiscal


  • Autônoma: A emissão de nota fiscal não é obrigatória para todas as atividades. Mas, dependendo do setor e do cliente, pode ser exigida. É possível emitir notas fiscais como pessoa física em alguns casos.

  • MEI: A emissão de nota fiscal é obrigatória para vendas e serviços prestados a empresas, mas não para pessoas físicas. A vantagem é que a MEI consegue emitir nota fiscal com o CNPJ próprio.


6. Funcionários


  • Autônoma: A autônoma trabalha sozinha e não tem permissão formal para contratar funcionários.

  • MEI: Pode contratar um funcionário, que deve receber até um salário-mínimo ou o piso da categoria, conforme a legislação trabalhista.


7. Facilidade de Crédito e Financiamento


  • Autônoma: A pessoa física pode ter acesso a linhas de crédito, mas, em geral, elas são mais limitadas e com taxas de juros mais altas do que para CNPJs.

  • MEI: Como possui CNPJ, a MEI pode ter acesso a linhas de crédito exclusivas para pequenos negócios, com condições e taxas de juros mais vantajosas.


8. Acessos a Programas e Incentivos do Governo


  • Autônoma: Pode ter acesso a alguns programas sociais e previdenciários, mas não tem incentivos voltados diretamente para empresas.

  • MEI: Tem acesso a programas específicos de incentivo a pequenos negócios, incluindo crédito facilitado e programas de capacitação e apoio ao empreendedor.


Essas são diferenças as básicas, mas recomendo a orientação de profissional de contabilistas para que você possa tirar todas as suas dúvidas, e ser orientada a seguir o melhor caminho para o seu momento profissional.


Empresária: O Que Define Esse Papel?


Já ser empresária envolve a criação de uma estrutura formal e mais robusta, com planejamento financeiro e metas mais detalhadas, investimento em treinamento de equipe, setor de RH, jurídico, hierarquia setorizada, maiores ações de marketing...


Ser uma empresária envolve uma série de responsabilidades, incluindo a gestão do negócio, a supervisão dos processos e a tomada de decisões estratégicas que visam o crescimento e a sustentabilidade da empresa.


Aqui estão algumas características e responsabilidades que definem uma empresária:


1. Formalização


  • Diferente de uma autônoma, que trabalha de maneira independente sem um CNPJ ou MEI com baixo limite de faturamento anual, a empresária geralmente é formalizada com uma estrutura jurídica mais ampla, como Microempresa (ME), Empresa de Pequeno Porte (EPP), Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI), Sociedade Limitada (LTDA) ou Sociedade Anônima (S.A.), entre outras.


2. Estrutura do Negócio


  • Uma empresária pode ter desde uma pequena equipe até centenas de colaboradores, dependendo do tamanho e do ramo do negócio. Ela precisa lidar com questões como contratação, treinamento e gestão de funcionários, e garantir que todos os setores estejam funcionando de maneira integrada e eficiente.


3. Obrigações Legais e Tributárias


  • A empresária deve cumprir uma série de obrigações legais e tributárias, que variam de acordo com o porte da empresa e o regime tributário (como Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real). Essas obrigações incluem pagamento de impostos, obrigações contábeis, emissão de notas fiscais e cumprimento das leis trabalhistas.


4. Planejamento Estratégico e Tomada de Decisão


  • A empresária é responsável por elaborar e executar o planejamento estratégico da empresa. Isso inclui definir metas, desenvolver planos de ação, avaliar os resultados e tomar decisões que impactam diretamente o futuro do negócio. É essencial que ela tenha uma visão clara do mercado e de onde quer que sua empresa chegue.


5. Gestão Financeira


  • Cuidar das finanças é uma das partes mais críticas para uma empresária. Ela precisa monitorar o fluxo de caixa, controlar despesas e receitas, e planejar investimentos para garantir a saúde financeira do negócio. Também é essencial manter uma reserva de emergência e buscar recursos para o crescimento, quando necessário.


6. Inovação e Adaptação


  • Para crescer e manter a competitividade, a empresária deve estar atenta às mudanças de mercado e ser capaz de inovar. Isso pode incluir a adaptação de produtos ou serviços, adoção de novas tecnologias, ou mudanças na abordagem de marketing.


7. Visão de Crescimento e Expansão


  • A empresária não apenas mantém o funcionamento diário do negócio, mas também tem uma visão de longo prazo. Isso pode incluir planos para expandir a operação, abrir novas unidades, diversificar os produtos ou serviços oferecidos, ou até mesmo atuar em novos mercados.


8. Responsabilidade Social e Sustentabilidade


  • Muitas empresárias têm consciência de sua responsabilidade social e ambiental. Isso pode significar adotar práticas sustentáveis, promover a inclusão e a diversidade dentro da empresa, e contribuir positivamente para a comunidade onde o negócio está inserido.


Em resumo, a empresária desempenha um papel abrangente e estratégico, indo além das tarefas operacionais diárias para englobar uma visão de crescimento e gestão responsável do negócio. O que significa que, no final do dia, a empresária precisa fazer com que a sua empresa gere lucro para conseguir manter seu capital de giro garantindo os seus custos fixos, expansão e eventuais imprevistos.


Postura Empresarial Tradicional: Lucro a Qualquer Custo


Até aqui, nada de mirabolante certo? Certo!


Mas infelizmente não é por aí que a coisa acaba.


Lembra que eu falei no começo do texto sobre a postura empresarial? Pois bem, aqui é que as coisas podem mudar, e na maior parte das vezes mudam.


Quando eu me refiro a postura empresarial tradicional, eu me refiro ao modelo, mais conhecido, de atuar e de por que atuar como empresária, ficar rica!


Esse lugar foi exclusivo dos homens por séculos, tendo o seu início no período das Grandes Navegações, nos séculos 16 e 17. Foi nessa época que surgiram as primeiras companhias de capital aberto, com destaque para a Companhia das Índias Orientais, fundada em 1600 na Inglaterra, e a Companhia Holandesa das Índias Orientais, criada em 1602, e sendo consolidada na Revolução Industrial.



E se você conhece um pouquinho só que seja da história, tem como referência empresários como Elon Musk, Jeff Bezos e companhia, e tem o mínimo de raciocínio crítico, você sabe o que esses empresários tradicionais querem no final do dia: Lucro!


Lucro é ruim então?! Claro que não!


Mas ser alguém que só visa o lucro e o próprio enriquecimento sim.


E veja bem, e eu estou falando em lucro, não em faturamento, que são coisas que ainda muitas empreendedoras iniciantes confundem.


O lucro (líquido) é aquilo que sobra depois de sanar todas as despesas da empresa, incluindo fornecedores, reserva de fundo de caixa, pagamentos e direitos para os seus funcionários, melhorias e investimentos para o crescimento da empresa, impostos, etc.


A empresa que atua com uma "postura tradicional" (lucro a qualquer cuspo),desumaniza seus funcionários, tentando ao máximo que cada vez mais eles tenham menos direitos, afinal de contas seus direitos básicos são uma ameaça ao lucro da empresa.


Além disso, muitos empreendedores que optam por tomar essa mesma postura, escolhem iniciar a sua jornada focados em usar o máximo das estratégias de marketing, em especial a comunicação persuasiva e os famosos "gatilhos mentais", de forma desonesta para atrair o seu público e vender seus produtos "milagrosos" ou suas soluções mirabolantes.


Desconstruindo o Ideal de Empreender para “Crescer a Qualquer Custo”


Infelizmente, existe uma pressão para que empreendedoras aspirem a escalar seus negócios, a faturar milhões e a construir equipes numerosas.


No entanto, essa é uma realidade que, para muitas mulheres, especialmente mães periféricas, nem sempre é desejada ou acessível. O discurso dominante, que exalta o “empreender” como sinônimo de ter uma empresa grande e em crescimento contínuo, desconsidera as diferentes realidades e desejos de cada uma de nós.


Não acredito que o único caminho para ser uma empreendedora seja se tornar empresária, buscando expansão e aumento constante de lucros. Muitas de nós têm outros objetivos: queremos uma vida mais leve, uma rotina sustentável e um trabalho que caiba em nossa realidade pessoal, que respeite nosso tempo e nossas escolhas.


Acredito que o desejo de empreender pode, sim, incluir quem busca uma vida mais equilibrada, sem necessariamente querer a “grandeza” no sentido financeiro ou estrutural.


Empreender, para mim, é encontrar uma forma de construir um trabalho que se encaixe com a nossa vida e que nos permita fazer o que amamos de uma maneira que faça sentido. É pensar em como nosso trabalho pode de fato nos proporcionar algo de bom para nossos clientes e, caso você tenha colaboradores, que também seja capaz de proporcionar a eles uma vida digna.



O Verdadeiro Significado de Empreender


Empreender vai além de apenas ser uma empresária. É sobre ter a liberdade de criar, inovar e resolver problemas de forma que o trabalho seja um reflexo do que queremos para nós e para quem nos rodeia.


Então, seja você autônoma, microempreendedora ou empresária, se você está buscando construir algo com intenção e propósito, querendo verdadeiramente o bem para as pessoas ao seu redor, seja uma empreendedora.


Sei que nem todas vão se identificar com essa visão, e está tudo bem. Mas, para mim, isso é empreender: fazer escolhas conscientes e construir nosso próprio caminho, no nosso ritmo e com o nosso propósito. E o mais importante: é saber que não existe um único jeito de ser uma empreendedora — existe o jeito que faz sentido para cada uma de nós.


Mas me conta, qual é o seu jeito de empreender? Qual é a sua opinião sobre isso?

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